Trilogia
Abnara:Grego:Luz
Da Sabedoria.
Helene :Grego
:"Tocha, Luz, Luminosa".
Lorena :Grego
:Energia, Força.
O Vórtice
Fui sugado,
sim creio que é este o nome. Sugado repentinamente pelo vórtice. É como se o
vórtice tivesse um eixo o qual me imantava. Quando me dei conta estava
rodopiando sem parar e sem poder escapar. Girando cada vez mais rápido, mais
rápido, mais rápido, até que, violentamente...
E fui aos
poucos perdendo a consciência e os meus ouvidos ou a minha mente, não saberia
dizer ao certo, somente captava o som de uma voz que parecia ecoar muito
distante. Abnara!... Abnara!...Abnara!... Olhos fechados, pois não conseguia
abri-los, a princípio pela velocidade com que eu era rodopiado pelo vórtice,
depois pela semi-inconsciência em que já me encontrava.
Continuei
sumindo, sumindo, sumindo, sem me dar conta de quanto tempo fiquei nesta
espécie de roda-viva até que completamente atordoado senti meu corpo se
desintegrando das extremidades para o meio. É, como se fosse possível até de
imaginar. Não sei explicar, mas era como se de repente o meu corpo se tornasse
tão diáfano, uma espécie de luz esbranquiçada e fosse se dissolvendo ao contato
com o ar.
Abnara!
Abnara! Ab-nara... Ra... Ra... Ra... cada vez mais distante, quase
imperceptível. Não vi mais nada.
II –
Rápidas Pinceladas
Não é objetivo
desta obra discorrer sobre mim. Apenas algumas pinceladas para introduzir o
tema que eu chamo de ‘missão’. Considero que todo mundo na terra veio
desempenhar uma missão. Grande ou pequena, não importa. Importa a perspectiva,
o modo e o caminho escolhido durante a jornada.
Nasci pelado
como todo o mundo. Infância peralta querendo saber tudo e saber de todos. Meus
pais, gente muito boa, amados pela vizinhança e bons guerreiros. Pena que não
tive tempo de conviver mais com eles. Fui crescendo e descobrindo o mundo,
quase sozinho por que as crianças do vilarejo ou eram bem mais velhas do que eu
ou bem mais jovens. E assim esgueirava-me do olhar dos adultos. Penetrava nas
matas próximas, caminhava por toda sorte de dificuldades como terreno íngreme,
tocos, paus caídos, cipoais, espinheiros, córregos barrentos, morros, etc. e
também correndo o risco de ser ferido, de perder-me no mato, de ser atacado por
animais selvagens...
Cresci assim,
poderia dizer quase feliz não fosse uma secreta angústia que me acompanhara
desde criança. Vivendo em busca de alguma coisa ou alguém, sofregamente. É,
talvez alguém que sentisse algo parecido com o que me tornava irrequieto e
pensativo. Algumas pessoas diziam que era aéreo, pois, gostava de viver
escalando montes, subindo em árvores, mirando o horizonte azul...
Outras, mais
boazinhas diziam que eu era um anjo. Se o fosse seria de uma asa só. Quem sabe
se eu encontrasse alguém parecido comigo que se dispusesse a juntarmos nossas
asas e equilibrarmos um no outro, de forma serena; provavelmente poderíamos
fazer um monte de coisas que sozinhos não nos seria possível realizar? Sonho,
ilusão, quimeras, demência?
A vida só tem sentido quando o ser inteligente
sai da inanição, sai de si para a realização, uma vez que o universo que
constitui qualquer ser é energia. Todos os seres da criação, tudo o que existe,
não passa de individuação da energia do Cosmos, em escala quase infinita de
condensação. Portanto, todos os seres são gerados a partir do movimento e
necessitam desse mesmo movimento para continuarem ativos. A alma ou Espírito
que é o ser inteligente da criação é que age em seu próprio corpo físico
fazendo-o gerar energia vital para todas as partes do organismo.
O
homem na Terra que já se encontra no ponto da evolução capaz de exercer uma
convivência pacífica com os outros seres, já internalizou lucidez suficiente
para compreender a grandeza da vida e sua consequente harmonia. Ao contemplar o
Universo e extasiar-se diante da magnitude dos infinitos sistemas de astros
luminosos, compreende também que nada é por acaso. Desde a mais ínfima
partícula que dá origem a partículas maiores na formação dos seres até o
macrocosmo, para a maioria dos homens no mundo, ainda inimaginável; tem peso
específico e razão de existir.
Se
a criatura examina também o microcosmo e deslumbra-se perante à extraordinária
manifestação da vida, nas expressões igualmente inumeráveis de partículas,
moléculas e elementos infinitesimais, deve-se inquirir resoluto: e eu, quem sou
eu, e o que faço nesse conjunto
espetacular e harmonioso da criação? Um grãozinho na poeira cósmica?
Quem sou e o que sou diante da expressão máxima da Vida?
III –
O
Princípio da Jornada
Eu
era exímio nadador. Certo dia, desci a correnteza do rio sem nenhum esforço,
simplesmente deixando a água me conduzir, como se eu fora simplesmente uma
folha de árvore boiando em sua superfície. Deitado de costas podia ver o céu,
sem nuvens, todo azul, lindo! Àquela hora da manhã a passarada ainda fazia
festa na vegetação ribeirinha. A angústia costumeira começava a dar vazão a um
sentimento mais ameno. Embalado pelo doce acariciar da água, por aquele clima
agradável; comecei a sonhar com um novo mundo, todo de paz.
Não
saberia dizer quanto tempo transcorrera. Maquinalmente nadei até a margem.
Adentrei uma trilha e, a medida que avançava, o terreno ia se tornando cada vez
mais elevado e pedregoso. E percorria a esmo aquela região acidentada que não
conhecia. A trilha acabara e eu só divisava à minha frente, um monte. Um de
seus lados assemelhava-se a um paredão esculpido na rocha, o outro coberto por
vegetação baixa e rala parecia dar acesso a seu topo, ou pelo menos até próximo
a ele. Embora jovem e de físico atlético, eu já estava exausto. Sentei-me à
sombra de algumas árvores. Deitei-me na relva rústica e fechei os olhos.
Era
tudo o que desejava naquele momento, descansar. Nisto, ouvi uma voz. Era grave
e ao mesmo tempo, suave... como se alguém sussurrasse aos meus ouvidos.
-
Abnara, vem!...
Ergui-me
de um salto, observei ao redor e não vi ninguém, nem nada, a não ser o som
característico ambiente. Resolvi voltar, não que tivesse meedo, mas uma certa
cautela obrigara-me a voltar ao acampamento.
Cheguei
cansado. Depois de um banho e um jantarzinho frugal, adormeci
profundamente. Sonhei com uma bela
jovem, só recordo-me que ela me chamava para juntos cumprirmos uma missão. Passei
o dia todo com vontade de voltar àquele lugar onde estive, de véspera. Era como
se o meu pensamento fosse teleguiado. A noite transcorreu tranquila.
Levantei
cedo, peguei a canoa e desci o rio. Atravessei maquinalmente para o outro lado.
Segui a trilha e subi a encosta como da outra vez. Só que desta vez avancei um
pouco mais. Era imperioso chegar mais perto do topo. Não sabia por que nem para
que eu desejava ardentemente chegar àquele lugar. E para fazê-lo não importava
os prováveis perigos da jornada. Espinheiros, cipoais, pedregulho, animais;
tudo ficava para trás. Nem importava as arranduras, nem o cansaço. Era como se
a minha vida dependesse daquela empreitada.
IV
–
A Visão
O
sol já ia alto. Senti fome. Comi alguma coisa que levava na mochila. Sentado
sob as árvores com uma brisa mansa a acariciar-me de leve, deitei no chão. Uma
sonolência tomou conta de mim. Vi a mim mesmo em outro local. Era um amplo salão
iluminado por uma luz suave, proveniente de belos castiçais, engastados no teto
que por sua vez era elegantemente desenhado. As paredes pareciam de pedras
coloridas e iluminadas, talvez pela luz pendente do teto. O chão era recoberto
por uma capa de cor esverdeada. Muitas coisas ali não se assemelhavam a nada
que eu já conhecera.
Embevecido
pelo aspecto inusitado daquele lugar, não ouvi alguém se aproximar. De repente
senti batidas de leve no ombro direito. Voltei-me incontinenti...qual não foi a
minha grande surpresa.
Era
um senhor de meia idade, porte elegante, tez avermelhada, cabelos ruivos à
altura do pescoço, fisionomia distinta! Fiquei como que paralisado observando
aquela figura, no mínimo, estranha. Trajava uma espécie de manto bordado, por
incrível que possa parecer, bordado de luz que realçava os desenhos caprichosos
em pedrículas brilhantes. Fiquei zonzo, parecia estar grudado ao solo. Só recordo-me
que aquele senhor esboçara leve sorriso e dissera: - Abnara, necessitamos de sua
ajuda para uma importante missão. A tontura aumentou, como se estivesse sob
efeito anestésico, as vistas se me escureceram. Não vi mais nada, acredito que
desfaleci.
Quando
abri os olhos, meio sem saber onde estava, tinha uma sensação estranha, mas não
lembrei-me de pronto. Circunvagando o olhar percebi que estava no mesmo local
onde deitara ao lado da trilha, para descansar. Sentei-me e aos poucos comecei
a recordar.
V –
Tempestade
de idéias
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